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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Na Austrália, a Trivago paga multas por propaganda enganosa. E ninguém está realmente surpreso

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Na semana passada, uma notícia foi veiculada pela Airline Ratings mencionando como a OTA Trivago foi sentenciada a pagar uma multa milionária por veicular propaganda enganosa. Segundo a corte do país, a empresa afirma em seus comerciais que seu objetivo é fornecer ao consumidor uma pesquisa rápida e simplificada para hotéis de preço mais baixo.

O problema é que, na ocasião, foi constatado que o site utiliza um algoritmo que influencia os prédios que ficam no topo das pesquisas com base em pagamento de "taxa de custo por clique". Ou seja, quanto mais a acomodação paga, maior será sua posição na busca realizada pelo consumidor ao invés de usar critérios objetivos, como é sua proposta.

Após aplicar multas, pagamento de custas e outras penalidades, a ACCC (Comissão Australiana de Concorrência e Consumo em tradução literal) mencionou que "a decisão envia uma forte mensagem para sites e mecanismos de buscas que, se o ranking ou ordem de resultados for baseada ou influenciada por propaganda, deve haver transparência com o consumidor para que ele não seja enganado". O valor estipulado é de 10 milhões de dólares.

Apesar da decisão ser comemorada e publicada em vários jornais da Austrália e Nova Zelândia - bem como por sites do ramo do turismo - não se trata de uma conclusão nova. Na verdade, a Trivago e outras OTAs têm sido investigados por essas práticas. No Reino Unido, por exemplo, a CMA (Autoridade de Competição e Mercado, em tradução livre) chegou a mesma conclusão após análises conduzidas desde junho de 2018. Após esse fato, houve acordo entre o órgão e as empresas envolvidas na qual essas últimas se tornam obrigadas a exercer transparência na gradação do ranking das acomodações e nos descontos, não alterar a percepção da popularidade de um hotel, bem como incluir taxas no preço final. Casos essas exigências não sejam cumpridas, a CMA resolverá a questão no Judiciário (e provavelmente ser penalizada em outros milhões).

Na prática, porém, percebe-se que pouco tem mudado daquele período até então. O posicionamento da Corte Federal Australiana confirma isso. E várias postagens em sites e fóruns de viagem discutem essa lamentável realidade.

Enquanto as agências reguladoras não se manifestam, o que nós como consumidores podemos fazer? Primeiro de tudo, buscar conhecimento. Saber que essas práticas existem pode ajudar em futuras tomadas de decisão e na análise de futuras ofertas (ou "ofertas, como preferirem). Segundo: não se iluda com qualquer desconto ou promoção. Às vezes somos tentados a aceitar preços mais baixos sem refletir sobre sua veracidade. E quando descobrimos que fomos enganados (literalmente) é tarde demais. E terceiro: alerte a outros. Se você foi vítima de alguma prática contra o consumidor (propaganda enganosa, abusiva, lesão por parte de algum fornecedor), fale sobre isso para que outras pessoas não sofram. Use sites como Reclame Aqui, Consumidor.gov e PROCON como ferramentas para discutir seu direito. Talvez assim seja possível operar alguma mudança em um setor tão desleal.

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