Na semana passada, uma notícia foi veiculada pela Airline Ratings mencionando como a OTA Trivago foi sentenciada a pagar uma multa milionária por veicular propaganda enganosa. Segundo a corte do país, a empresa afirma em seus comerciais que seu objetivo é fornecer ao consumidor uma pesquisa rápida e simplificada para hotéis de preço mais baixo.
O
problema é que, na ocasião, foi constatado que o site utiliza um
algoritmo que influencia os prédios que ficam no topo das pesquisas com
base em pagamento de "taxa de custo por clique". Ou seja, quanto mais a
acomodação paga, maior será sua posição na busca realizada pelo
consumidor ao invés de usar critérios objetivos, como é sua proposta.
Após
aplicar multas, pagamento de custas e outras penalidades, a ACCC
(Comissão Australiana de Concorrência e Consumo em tradução literal)
mencionou que "a decisão envia uma forte mensagem para sites e
mecanismos de buscas que, se o ranking ou ordem de resultados for
baseada ou influenciada por propaganda, deve haver transparência com o
consumidor para que ele não seja enganado". O valor estipulado é de 10
milhões de dólares.
Apesar
da decisão ser comemorada e publicada em vários jornais da Austrália e
Nova Zelândia - bem como por sites do ramo do turismo - não se trata de
uma conclusão nova. Na verdade, a Trivago e outras OTAs têm sido
investigados por essas práticas. No Reino Unido,
por exemplo, a CMA (Autoridade de Competição e Mercado, em tradução
livre) chegou a mesma conclusão após análises conduzidas desde junho de
2018. Após esse fato, houve acordo entre o órgão e as empresas
envolvidas na qual essas últimas se tornam obrigadas a exercer
transparência na gradação do ranking das acomodações e nos descontos,
não alterar a percepção da popularidade de um hotel, bem como incluir
taxas no preço final. Casos essas exigências não sejam cumpridas, a CMA
resolverá a questão no Judiciário (e provavelmente ser penalizada em
outros milhões).
Na
prática, porém, percebe-se que pouco tem mudado daquele período até
então. O posicionamento da Corte Federal Australiana confirma isso. E
várias postagens em sites e fóruns de viagem discutem essa lamentável
realidade.
Enquanto as agências reguladoras não se manifestam, o que nós como consumidores podemos fazer? Primeiro de tudo, buscar conhecimento.
Saber que essas práticas existem pode ajudar em futuras tomadas de
decisão e na análise de futuras ofertas (ou "ofertas, como preferirem).
Segundo: não se iluda com qualquer desconto ou promoção. Às vezes
somos tentados a aceitar preços mais baixos sem refletir sobre sua
veracidade. E quando descobrimos que fomos enganados (literalmente) é
tarde demais. E terceiro: alerte a outros. Se você foi vítima de
alguma prática contra o consumidor (propaganda enganosa, abusiva, lesão
por parte de algum fornecedor), fale sobre isso para que outras pessoas
não sofram. Use sites como Reclame Aqui, Consumidor.gov e PROCON como ferramentas para discutir seu direito. Talvez assim seja possível operar alguma mudança em um setor tão desleal.
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